Muitas vezes a evolução do paciente na terapia está ligada a algo doloroso para o paciente e que ele conseguiu enxergar ou lidar de forma saudável, e esse “saudável” não significa que é gostoso.
Pode ter a ver com expressar um sentimento difícil de admitir, verbalizar um episódio da vida muito difícil de contar ou até mesmo pode ter a ver com conseguir chorar intensamente durante a sessão.
Um ganho terapêutico é encarado pra mim como um marco, pois geralmente depois disso a pessoa consegue evoluir gradativamente, como se “pegasse o embalo”, apesar de me compadecer da dor, ao mesmo tempo sinto orgulho da evolução dos meus pacientes ao ver eles encarando sentimentos difíceis, identificando suas disfunções comportamentais e expressando intensamente seus sentimentos em terapia, sendo que naquele momento, a minha função é acolher e estar ali, as vezes até em silêncio mesmo, como forma de respeito à dor do outro, como quando nossa mãe assopra o machucado quando arde ao passar o remédio, sabe?
Enfim, essa é uma das piores partes presentes no processo de terapia, mas ao mesmo tempo o mais bonito e sensível de se ver.
