Em algumas fases da minha vida, confesso que me perdi de mim, seja por imaturidade, por carência ou até por cansaço.
A primeira foi no final do ensino médio, naquela época ingrata de vestibular e escolha profissional, em que por um bom tempo eu escolhi fazer o curso de farmácia, já que era o que as minhas amigas estavam escolhendo e por ser o caminho mais “fácil”, a imaturidade da época quase me fez fazer uma escolha que poderia ter um custo alto na minha vida.
A segunda vez foi num relacionamento em que aceitava diversas coisas que não concordava para manter aquela pessoa por perto, acreditava que se eu quisesse ter alguém, eu teria que ceder, no entanto, meses depois percebi que algumas questões não são passíveis de abrir mão, se te fizerem mau.
A terceira ocasião em que me perdi de mim, foi quando minha mãe estava doente, no início do tratamento oncológico e, paralelo a isso, eu tinha meu emprego, relatórios de estágios e o TCC em andamento, era o último ano de faculdade e a sobrecarga estava me matando, além da sobrecarga emocional de não poder estar perto da minha família num momento tão crítico, nessa época eu tive gastrite, insônia, chorava quase toda noite, mas de manhã tinha que estar de pé para fazer o que precisava ser feito. No entanto, eu me perdi de mim, ao me fechar para o mundo e para os meus sentimentos na tentativa de dar conta de tudo.
Agora, aqui vai outra confissão: Provavelmente vão haver outros momentos em que eu vou me perder de mim, e você também pode se perder de você em algum momento, isso faz parte da vida, da nossa evolução. A grande questão é o autoconhecimento, quanto melhor você se conhecer, mais rápido você consegue se voltar para si mesmo, na minha adolescência eu precisei que uma psicóloga fizesse comigo um teste de orientação vocacional para eu perceber o que mais tinha a ver comigo, na época de carência foi a terapia e ali eu já me conhecia bem mais, e depois mais velha, passando por algo inimaginável para minha idade, o processo de me reencontrar foi acontecendo de maneira natural e gradualmente.
Portanto, se engana quem acredita que autoconhecimento é uma busca mais teórica, mais filosófica, se conhecer ou não tem influência direta sobre as suas escolhas de vida, sobre seus relacionamentos e seu futuro. Autoconhecimento também é investir em você.